Revista Referência

Empreendedorismo na rede

Aplicabilidade das ferramentas web 2.0 no fomento do empreendedorismo em rede: um estudo do projeto TEIA

1 | INTRODUÇÃO

Atualmente, a internet, também conhecida como web, dispõe de vários serviços de infraestrutura tecnológica gratuita ou com custos muito baixos quando comparados aos serviços ofertados pelas empresas tradicionais de tecnologia. Estes serviços fazem parte da geração de serviços online denominada de web 2.0. Esta é caracterizada por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo. (PRIMO, 2006).

Na primeira geração da web os sites eram trabalhados como unidades isoladas, passa-se agora para uma estrutura integrada de funcionalidades e conteúdo denominada de web 2.0 que pode também ser entendida como um conjunto de novas estratégias mercadológicas e de processos de comunicação mediados por computador (PRIMO, 2006).

Seguindo essa lógica, a chamada “computação em nuvem consegue hoje entregar serviços de capacidade computacional a qualquer tipo de usuário, baseada em um modelo de negócio no qual o usuário paga pelo que utiliza e não pela compra de um equipamento ou software” (TAPSCOTT, 2011).

Entende-se que essa nova plataforma tecnológica da web 2.0 e da computação em nuvem propicia uma abundância de oportunidades para a geração de novos negócios, novas tecnologias, novas maneiras de se comunicar, de se relacionar. Além disso, se configura como insumo na geração de inovações e também no fomento da atividade de empreendedorismo.

Por meio dessa nova lógica de comunicação que estimula novas formas de produção de negócios, torna-se fundamental que os setores público e privado trabalhem em conjunto para fomentar a atividade empreendedora como alavanca do processo de desenvolvimento sustentável.

Neste sentido, o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado (SECTES) desenvolveu o projeto Tecnologia, Empreendedorismo e Inovação Aplicados (TEIA) para fomentar a atividade de empreendedorismo capacitando mediadores de rede na utilização das ferramentas da web 2.0.

Atualmente, o projeto se propõe a capacitar mediadores de rede, na utilização das ferramentas da web 2.0, em todos os municípios da Plataforma Polos de Inovação concentrados territorialmente em 08 cidades do Norte e Nordeste do Estado de Minas Gerais: Almenara, Araçuaí, Diamantina, Janaúba, Januária, Pirapora, Salinas e Teófilo Otoni. Por meio do projeto, pretende-se possibilitar o salto necessário para a alteração das dinâmicas de desenvolvimento dessas regiões, visando à aceleração do fluxo de informação, conhecimento, tecnologia e inovação.

Tendo em vista a necessidade de se desenvolver a avaliação da efetividade de projetos buscou-se, neste trabalho, analisar a aplicabilidade das ferramentas da web 2.0 para o fomento da atividade de empreendedorismo no projeto TEIA.

A pesquisa se justifica por três principais razões. A primeira relacionada à análise de uma política pública para o fomento da atividade de empreendedorismo. A segunda por não ter realizado nenhum tipo de avaliação científica da aplicabilidade do projeto TEIA e de suas contribuições para a criação de negócios sustentáveis e a terceira pela relevância e carência de um estudo científico da web 2.0 e suas possibilidades de negócio.

2 | REFERENCIAL TEÓRICO

Abusca da competitividade na nova economia global tem provocado uma profunda transformação nas organizações. As inovações que estão ocorrendo nas tecnologias e no comportamento dos consumidores têm alterado o modelo de negócios.

Muitas são as formas de aproveitamento das oportunidades que o conhecimento dos meios digitais está possibilitando, o que favorece o surgimento de uma geração de negócios inovadores. Essa inovação acontece por meio da criação de estratégias competitivas diferenciadas, produtos inovadores, agregação de valor aos serviços prestados ao cliente, além do acesso a diferentes mercados, sejam eles distantes geograficamente ou não (TOMAZ, 2001).

Chega-se, no ao início do século XX, a uma era de transformações intensas e rápidas. Os impactos das tecnologias na sociedade realizaram transformações profundas. A informação tem se tornado cada vez mais importante e presente, permeando todos os acontecimentos dos últimos séculos. (CASTELLS, 1999).

Neste sentido, Castells (1999, p. 49) define como tecnologia “o uso de conhecimentos científicos para especificar as vias de se fazerem as coisas de uma maneira reproduzível.” Entre as tecnologias da informação, o autor engloba o conjunto convergente de tecnologias em microeletrônicas, computação (hardware e software), telecomunicações/radiodifusão, optoeletrônica, domínios da tecnologia da informação à engenharia genética.

Para caracterizar a Web 2.0, Primo (2006) descreve que “é a segunda geração de serviços online”. A Web 2.0 potencializa as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo, refere-se não apenas a uma combinação de técnicas informáticas, mas também mercadológicas e a processos de comunicação mediados por computador.

Não há como demarcar precisamente as fronteiras da Web 2.0. Ela consegue potencializar os processos de trabalho coletivo com repercussões sociais importantes como troca afetiva, de produção e circulação de informações apoiada pela informática. .(O´Reilly, 2005).

Segundo O´Reilly (2005) um princípio chave da web 2.0 é que os serviços tornam-se melhores a medida que mais pessoas fazem o uso dos mesmos. Se na primeira geração da web os sites eram trabalhados como unidades isoladas, passa-se agora para uma estrutura integrada de funcionalidades e conteúdo. (PRIMO, 2006).

Neste contexto, destaca-se a passagem da ênfase na publicação (modelo transmissionista) para a arquitetura de participação que também pode ser entendida como gestão coletiva do trabalho comum. Que em vez de home-pages estáticas e atomizadas preferem-se blogs com comentários e sistema de assinaturas. Em vez de álbuns virtuais prefere-se o Flickr, onde os internautas, além de publicar imagens e organizá-las por meio de associações livres, podem buscar fotos em todo o sistema. (PRIMO, 2006).

Aumenta-se cada dia o número de adeptos ao uso dessas ferramentas que são construídas para permitir a criação colaborativa de conteúdo, a interação social e o compartilhamento de informações, como Facebook, Linkedin, Flickr, Twitter,Orkut, Myspace e Wiki. (PRIMO, 2006).

A todo o momento são realizadas várias pesquisas e novos textos podem ser acessados na web, assim percebe-se o crescimento que está acontecendo em termos de audiência dessas ferramentas. Seus números definem o cenário e a importância dessas mídias sociais, apontando a necessidade de valorizá-las.

Assim, percebe-se que há uma abundância de oportunidades para a geração de novos negócios a partir do uso prático das ferramentas da web 2.0, insumo na geração de inovações, para o fomento da atividade de empreendedorismo.

No Brasil, de acordo com a pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em 2012, dos indivíduos adultos da população 30,2% eram empreendedores iniciais ou estabelecidos, ou seja, 36 milhões de brasileiros de 18 a 64 anos estavam envolvidos na criação ou administração de algum tipo de negócio. Isso significa que mais de 30% da população brasileira entre 18 e 64 anos possui algum envolvimento com o empreendedorismo, o que demonstra a importância econômica e social do tema e a necessidade de ações governamentais ou não governamentais para a sua consolidação (GEM, 2012).

É possível também constatar, por meio da pesquisa do GEM (2012), que a taxa total de empreendedorismo no país teve uma elevação expressiva, passando de 20,9% em 2002, para 30,2% em 2012, um aumento de quase dez pontos percentuais. Essa evolução é compatível com o dinamismo da economia brasileira nesse período, o PIB cresceu em média cerca de 4%, em grande parte devido à expansão do mercado interno, o que abriu espaço para atividades empreendedoras dos mais diversos tipos.

Em meados de 1990, vários autores, economistas e professores de empreendedorismo acreditavam que para a promoção do desenvolvimento econômico bastava incentivar o empreendedorismo entre jovens. No entanto, apesar da grande riqueza gerada pelos empreendedores, ela não reduziu a pobreza e a desigualdade de renda (KEYNES, 19303 apud DEGEN, 2008).

Apesar de o crescimento econômico ser uma das condições necessárias para a redução da pobreza no mundo, é necessário que esse crescimento seja sustentável, preserve os recursos escassos da natureza e o meio ambiente para gerações futuras e que identifique melhor o problema da diminuição da pobreza. Assim, é preciso focar o empreendedorismo por oportunidade no desenvolvimento sustentável e o empreendedorismo por necessidade na inclusão social e na redução da pobreza (DEGEN, 2008). Quando motivados pela percepção de um nicho de mercado potencial, o fazem por oportunidade e quando motivados pela falta de alternativa satisfatória de trabalho e renda, denomina-se necessidade (FIORIN; MELLO; MACHADO, 2010).

A evolução da ciência e da tecnologia beneficiou muito mais os países industrializados do que os países em desenvolvimento. Schumpeter (1982) acertou em prever o fim do comunismo por falta de empreendedores e Timmons (1989) acertou com a revolução empreendedora explicitada em 95% da riqueza dos Estados Unidos da América (EUA), gerada pela atual geração de empreendedores (DEGEN, 2008).

As últimas pesquisas realizadas pelo GEM tem revelado que as empresas brasileiras, em comparação com as de outros países, têm baixo índice de inovação e tampouco utilizam novas tecnologias nos processos em suas atividades, mesmo sabendo que a inovação é fator diferencial para a competitividade (FIORIN; MELLO; MACHADO, 2010).

O empreendedorismo da economia digital, no Brasil, ainda não dispõe de estatísticas e dados precisos sobre o número de micro e pequenas empresas criadas com base em tecnologias de comunicação e informação, mas estima-se que muitos empreendedores iniciam negócios de pequeno porte fazendo uso da tecnologia (TOMAZ, 2001).

Muito tem sido falado e escrito sobre o tema empreendedorismo, mas pouco tem sido publicado sobre os empreendedores que fazem uso intensivo de novas tecnologias de comunicação e informação em seus negócios: os chamados empreendedores da economia digital (TOMAZ, 2001).

Considera-se o empreendedorismo a maior fonte de crescimento econômico e de inovação, promovendo produtos e serviços de qualidade, competição e flexibilidade econômica (SOUZA; LOPEZ JUNIOR, 2011). Shapero (19844 apud SOUZA; LOPEZ JÚNIOR, 2011) reforça a importância dessa reflexão ao afirmarem que o impacto do empreendedorismo em empresas e regiões se dá em termos de crescimento do desempenho econômico.

O ator social que empreende de forma inovadora, pode ser chamado de empreendedor inovador ou o principal propulsor do desenvolvimento econômico. (SCHUMPETER, 1982). Contextos sociais altamente complexos em permanente processo de mudança levam a demandas por novas lógicas econômicas e sociais, que respaldem essencialmente as atividades produtivas.

Assim, novas tecnologias e a criação de novos produtos motivam o surgimento de empreendimentos que buscam entrar competitivamente no mercado nacional e mundial (SOUZA; LOPEZ JUNIOR, 2011).

3 KEYNES, John Maynard. Economic Possibilities for our Grandchildren (1930) in Essays in Persuasion, Macmillan, London, 1931.

4 SHAPERO, A. (1984), The entrepreneurial event. In C. Kent (ed.), The environment for entrepreneurship (pp.21-40). Lexington, MA: D.C. Health.

3 | METODOLOGIA

Para este trabalho optou-se pela pesquisa qualitativa descritiva, uma vez que se pretendeu descobrir a aplicabilidade das ferramentas da web 2.0 para o fomento da atividade de empreendedorismo no projeto TEIA. Adotou-se como método a pesquisa documental e de campo.

A unidade de análise foi o Projeto TEIA na Plataforma Polos de Inovação desenvolvida pela SECTES e implementada em oito cidades do Norte e Nordeste do Estado.

Adotou-se como unidade de observação os profissionais envolvidos na estruturação do projeto TEIA e na atual gestão do Projeto TEIA dentro da Plataforma Polos de Inovação, a saber: 04 agentes TEIA bolsistas que são os responsáveis pela capacitação das pessoas e 42 pessoas que já fizeram algum dos cursos TEIA e que atualmente participam ativamente da rede TEIA. Eles compõem um grupo de mais de 14 mil pessoas que foram certificadas nas ferramentas da web 2.0. Denominamos estas pessoas de agentes TEIA certificados.

As entrevistas do tipo padronizada ou estruturada foram acompanhadas de um roteiro previamente estabelecido.

A análise das respostas foi realizada por meio da metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo – DSC. Essa metodologia é denominada Discurso do Sujeito Coletivo – DSC. (LEFEVRE; LEFEVRE; TEIXEIRA, 2000). O DSC é um método capaz de representar a opinião coletiva sem deixar de ser objetivo. O discurso da realidade produzido pelo DSC é um discurso direto com pouca mediação. O objetivo é reconstruir, com fragmentos de discursos individuais, tantos discursos síntese quanto se julgue necessário para expressar um dado pensar.

No DSC as respostas são organizadas individualmente, analisadas e a partir daí extraídos, de cada depoimento, as ideias centrais e suas respectivas expressões-chave, tornando claro e objetivo o conceito do pensar.

4 | APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Esta seção, apresentam-se os resultados da pesquisa. Primeiramente, abordam-se os principais pressupostos do projeto TEIA e o que foi modificado com a mudança de gestão. Logo, descreve-se o planejamento e implantação do projeto.

Na sequência, apresentam-se os empreendimentos resultantes do Projeto Teia e para finalizar, as principais ferramentas – redes sociais e web 2.0 – utilizadas no Projeto.

4.1 | Principais pressupostos do projeto Teia

O projeto inicialmente propunha formar células de coordenação e células regionais de operação de negócios na internet, por meio de ferramentas da web 2.0.

No segundo momento o objetivo passou a ser a capacitação de mediadores de rede de internet em todos os municípios, para criar uma cultura de empreendedorismo e inovação e para implementar o desenvolvimento de negócios com ênfase em inovação. Na transição, o nome do projeto foi mantido, porém, ele passou a funcionar como terceiro objetivo do projeto Plataforma Polos de Inovação.

Embora na mudança se tenha reduzido o número de cidades atendidas, pelo projeto, a geração de negócios por meio da cultura de empreendedorismo e inovação foi mantida.

4.2 | Planejamento e implantação do Projeto Teia

O projeto TEIA e o projeto Plataforma Polos de Inovação foram elaborados a partir do planejamento estratégico da SECTES, juntamente com o Sistema Mineiro de Inovação (SIMI). Tanto os coordenadores estratégicos, como os agentes TEIA bolsistas compreendem essa ligação dos projetos com o planejamento estratégico.

A implantação do projeto TEIA na plataforma Polos de Inovação ocorreu de forma gradativa, além de ter tido vários momentos de desaceleração devido ao turnover dos agentes e ao pouco tempo de capacitação dos agentes.

Observou-se que há dinamismo na implementação de novas ações no projeto e na busca pela geração de resultados. A ação TEIA Empresas foi a iniciativa implantada mais recentemente, usando a parceria com o SEBRAE.

4.3 | Empreendimentos resultantes do Projeto Teia

Os agentes TEIA bolsistas citam alguns empreendimentos que eles desenvolveram a partir do aprendizado das ferramentas do projeto como sites, assessorias, consultorias, posicionamento de empresa na busca orgânica do google e do google maps, além da criação de evento para premiação de jovens na utilização das ferramentas da web 2.0. Nesse sentido, eles também confirmam terem prestado algum tipo de serviço a partir do aprendizado proposto e acreditam no potencial das ferramentas do projeto TEIA na Plataforma Polos de Inovação para a geração do empreendedorismo.

No entanto, na questão dos empreendimentos resultantes da atuação dos agentes TEIA certificados, a maioria dos agentes TEIA bolsistas afirma desconhecer os empreendimentos resultantes, os respondentes explicam que não possuem esse tipo de controle. Alguns citam casos dos quais tiveram conhecimento, restringindo essas citações para a criação de sites e divulgação em redes sociais, mas afirmam não terem esse tipo de controle.

Além disso, os coordenadores estratégicos ressaltam o evento INOTEC como um exemplo de empreendimento resultante do projeto TEIA e citam outros tipos de resultados como reconhecimento profissional quando o agente TEIA torna-se também agente do INTEGRAMINAS, reconhecimento profissional quando os agentes TEIA bolsistas são contratados pelas empresas locais, os concursos do PITCH Digital, a colaboração de pessoas certificadas em negócios de seus familiares e a potencialização do projeto do setor de floricultura em Teófilo Otoni. Os coordenadores estratégicos também acreditam no fomento da atividade de empreendedorismo a partir de ações do projeto TEIA na Plataforma Polos de Inovação.

4.4 | Principais ferramentas – redes sociais e web 2.0 – utilizadas no Projeto

Observou-se que todos os agentes confirmam que são treinados, diariamente, para utilizarem as ferramentas disponíveis no Projeto TEIA na Plataforma Polos de Inovação. As ferramentas são todas gratuitas e com grande potencial de somar para o objetivo do negócio se tornar realidade, ou ainda, potencializar um negócio já criado.

As ferramentas disponíveis no projeto TEIA são: Facebook, Twitter, Pinterest, HD Free, Twitcam, Webnode, Wix,Blogger, SlideRocket, Google Maps, Memolane, Google Docs, Ning, Corel Draw, Photoshop, Programas de Edição de Vídeo e Edição de Imagem.

5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se que o projeto TEIA é percebido como um projeto de empreendedorismo e inovação tecnológica. É capaz de multiplicar os conhecimentos sobre tecnologia, empreendedorismo e inovação na sociedade, de forma prática utilizando uma metodologia que permite aos seus participantes aprenderem fazendo.

No entanto, as pessoas que estão sendo capacitadas para fazer desse aprendizado uma oportunidade de negócio (empreender), até o momento não prestaram serviços nem de forma remunerada e nem de forma não remunerada. Eles acreditam na possibilidade de abrir um negócio ou serem um prestador de serviço a partir da certificação do TEIA e que as ferramentas são efetivas para a geração do empreendedorismo. Entretanto, os principais resultados apontados por eles, após o aprendizado das ferramentas por meio do projeto TEIA, são a conquista de um novo emprego e reconhecimento profissional e não necessariamente um negócio.

Apesar dos agentes do TEIA que multiplicam o conhecimento afirmarem terem prestado algum tipo de serviço a partir do aprendizado das ferramentas do projeto, as iniciativas citadas não caracterizam desenvolvimento de oportunidade ou criação de novos negócios.

É importante esclarecer que os atores envolvidos no projeto tem o conceito de empreendedorismo voltado para a questão de criação, desenvolvimento, busca, identificação de oportunidades, o que reforça a compreensão do tema com o mesmo sentido.

Os impactos trazidos pela implantação do projeto TEIA são percebidos de forma bastante diferente pelos atores que o compõem, o que reforça a necessidade de um modelo de avaliação que permita um alinhamento de expectativas e visão do resultado do projeto.

A visão dos principais agentes do projeto, as pessoas certificadas e os agentes bolsistas multiplicadores, é ainda permeada por obstáculos. O fator dinheiro é apontado como principal necessidade e entrave para a abertura de um novo negócio, sendo complementado pela falta de ideia, de mão de obra, apoio, recurso e burocracia. Ou seja, eles sentem necessidade de apoio na iniciativa de empreender.

Assim, conclui-se que o aprendizado nas ferramentas da web 2.0 ainda não foi efetivo para o fomento da atividade de empreendedorismo no Projeto TEIA. Entretanto, as ferramentas disponibilizadas possuem potencial para a geração do espírito do empreendedorismo e podem maximizar os negócios ou as ideias existentes.

Ao identificar alguns desafios encontrados no projeto, espera-se que este trabalho sirva de instrumento para a SECTES, os alunos, professores e para a academia em geral, contribuindo para o desenvolvimento do estudo sobre empreendedorismo e inovação, bem como com a gestão de projetos sociais. No campo teórico sugere-se um estudo sobre os modelos de avaliação de projetos sociais identificando um padrão de avaliação que mensure, de forma mais profunda, o empreendedorismo a partir do projeto TEIA na Plataforma Polos de Inovação. Considerando que o presente estudo foi realizado com foco na identificação do fomento da atividade de empreendedorismo a partir do projeto TEIA, é importante salientar também que outros tipos de pesquisa e análise são necessários, inclusive, levando em consideração que o objetivo principal do projeto atualmente é a capacitação de mediadores de rede. Dessa maneira, a investigação deste trabalho não permite que as suas considerações se traduzam em uma avaliação generalizada do projeto. Esta investigação também não esgota as discussões e novas pesquisas sobre o tema.

Sugere-se ainda, a aplicação de um modelo de avaliação com indicadores de efetividade do projeto capazes de identificar as questões locais e suas influências no resultado, além de um controle sistemático dos empreendimentos resultantes da aplicação do projeto.

Recomenda-se, por fim, o desenvolvimento de um sistema de cooperativismo capaz de proporcionar a operacionalização do projeto aos novos empreendedores, reduzindo os encargos fiscais iniciais de qualquer tipo de empreendimento.

Neste sentido, é importante sugerir também uma assessoria contínua, junto à incubadora de empresas da universidade local e empresas como a Endeavor e SEBRAE, que não apenas seja capaz de apoiar um novo empreendedor, como também estimular a criação de ideias e de novos negócios conforme cultura e vocação local. Acredita-se que, com este sistema, as pessoas que são certificadas terão um direcionamento mais intenso para a atividade do empreendedorismo e o apoio “financeiro” da cooperativa.