Revista Referência

Tecnologias da informação são aliadas na formação de profissionais de enfermagem

Contribuições das TIC na educação permanente para profissionais de enfermagem

1 | INTRODUÇÃO

A escolha desse tema surgiu devido ao interesse pessoal das autoras relacionado às questões ligadas às novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), bem como as relações de ensino/aprendizado desenvolvidas pela modalidade a distância na área da saúde. O objeto de estudo foi a educação permanente dos profissionais de enfermagem da região sudeste do Brasil e sua interação com as TIC.

A modalidade a distância, inserida na educação permanente, em consonância com o uso de novas ferramentas tecnológicas, pode contribuir para a melhoria dos processos educacionais na área da saúde e no exercício das atividades diárias do profissional de enfermagem, que serão referendados no desenvolvimento deste artigo.

Dessa forma, este artigo tem como finalidade identificar as contribuições das TIC na educação permanente dos profissionais de enfermagem na região sudeste do Brasil. Essa finalidade maior se desdobra na necessidade de uma investigação permanente sobre a educação na área da saúde e ainda sobre o estudo das TIC como ferramentas educacionais. Finalmente, torna-se necessário analisar a contribuição dessas ferramentas no processo de ensino e aprendizagem dos profissionais de enfermagem.

Para a realização deste estudo, a metodologia utilizada foi a abordagem quantitativa, advinda da pesquisa bibliográfica em livros, revistas, sites e artigos cujos temas sejam relevantes para a consolidação do assunto em tela.

A revisão bibliográfica é, segundo Gil (2010), constituinte de todas as modalidades de pesquisa. Essa é caracterizada pelo levantamento de informações já publicadas sobre o tema escolhido sem, no entanto, ter a finalidade de produzir novo conhecimento.

Os dados foram coletados por meio de leituras em BVS (Biblioteca Virtual em Saúde – www.bvs.br), plataforma Scielo (Scientific Electronic Library Online – www.scielo.org) e pesquisa sobre “o uso das tecnologias de Informação e Comunicação nos estabelecimentos de saúde brasileiros”. (BARBOSA, Alexandre, 2014). Foram também utilizados livros da biblioteca do UNIFEMM – Centro

Universitário de Sete Lagoas e do acervo das autoras com assuntos relacionados ao tema. Dos 30 artigos pré-selecionados, todos do período de 2002 a 2014, 16 compuseram a fonte de dados da pesquisa quantitativa deste trabalho.

Nesse contexto, a saúde está evoluindo ao longo dos tempos, sendo que as práticas educativas têm como objetivo ensinar ao indivíduo e a grupos de pacientes diversas maneiras corretas e adequadas para melhorias da qualidade de vida (CARVALHO, CLEMENTINO E PINHO, 2008).

Atualmente, a utilização de novas ferramentas tecnológicas no ensino está cada vez mais presente na formação dos profissionais de enfermagem. Sendo assim, a utilização de ferramentas como: computadores, celulares, tablets, bibliotecas virtuais, aplicativos, internet, dentre outros, são favoráveis para a educação permanente na área da saúde. O público receptivo à modalidade educacional que utiliza de ferramentas tecnológicas no seu processo de ensino/aprendizagem possui, em sua maioria, formação acadêmica de nível superior e necessita de atualizações para o exercício profissional Buscam, por isso,melhorar a qualificação na área em que atuam por meio da educação permanente que utiliza de tecnologias de informação e de comunicação. (ELBERT, 2003).

Mesmo depois que os profissionais adquirem uma formação específica para uma determinada área de atuação, o processo de aprendizagem continua sendo desafiador. Partindo do pressuposto de que cada sujeito possui uma bagagem de conhecimento que se adquire ao longo das suas experiências e pelos valores culturais que o acompanham no processo de desenvolvimento de cada sujeito, esses processos que, muitas vezes, estão vinculados com ensinos mais autônomos, pode ter resistência de aceitação e aderência para a modalidade educacional com o uso de ferramentas tecnológicas (BARBOSA et al. 2012).

Bôas et al. (2008) expressa que a necessidade de se definir um perfil de competências para o enfermeiro envolvido nas práticas educativas é fundamental e deve estar aliado ao processo de formação continuada e permanente de todos os profissionais com caráter inovador da área da enfermagem.

A educação permanente tem como objetivo potencializar o desenvolvimento pessoal de cada sujeito, aperfeiçoando todas as características positivas, além de promover as capacidades mais específicas de cada um

preocupando-se, não apenas em relação às habilidades técnicas, mas com os novos conhecimentos adquiridos, bem como com os conceitos e as atitudes que podem ser adquiridas (PASCHOAL et al. 2007).

As TIC estão cada vez mais presentes nos ambientes acadêmicos, o que facilita o ensino/aprendizagem. Com o uso dessas novas tecnologias, cuja comunicação é vivenciada tanto de forma individual, em que os sujeitos envolvidos no processo podem estabelecer uma linha de consulta mais individualizada e voltada para pesquisas online, quanto de forma coletiva, que ocorre quando existe a interação entre os demais, há a necessidade de atualização constante visando ao desenvolvimento pleno do profissional. , (GERMANI et al., 2013).

Nessa ótica, modalidade a distância é uma estratégia inovadora do ensino/aprendizagem, cujos limites de tempo e espaço não são mais empecilhos, pois além das interações realizadas em um ambiente virtual de aprendizagem, o uso de novas tecnologias e os encontros presenciais com professores/ tutores são sugeridos, pois os mesmos serão sujeitos mediadores do conhecimento (ELBERT, 2003).

2 | A educação permanente em enfermagem na esfera da saúde

Para Nascimento e Prado (2004, p.239):

Educar é oportunizar diálogo e troca de experiências; é valorizar ideias, sem as quais a recriação e a transformação do conhecimento ficam ameaçadas e das quais a comunicação não pode estar dissociada, desde que favoreçam a produção do saber e sua socialização. Assim evitam-se as relações autoritárias, que reprimem a criatividade e a sensibilidade, dificultam a reflexão e permitem um ensino desconexo, perpetuando a dicotomia entre teoria e a prática.

Segundo Paschoal et al. (2007) para os profissionais de enfermagem se desenvolverem como sujeito integral é necessário que haja sempre uma aprendizagem mútua, constante e contínua, mesmo depois que esse profissional tenha adquirido uma qualificação profissional que atenda as suas metas. É importante que as competências e habilidades profissionais sejam sempre ressaltadas e destacadas. As habilidades que são desenvolvidas na vida social devem e podem ser aprimoradas na vida profissional, vinculando as metas individuais ao exercício da profissão.

Para Ceccim (2005) a educação permanente está caminhando juntamente com as novas ferramentas de tecnologia da informação e da comunicação, pois a atualização dos profissionais da área de saúde torna-se cada vez mais necessária.

Para Elbert (2003, p.3):

O grande desafio do novo milênio em relação à educação é transpor os limites físicos a que alunos e professores estiveram até hoje atrelados, rompendo com a obrigatoriedade da presença de professor e alunos em sala de aula, em tempo integral, para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça.

A educação permanente tem como objetivo potencializar o desenvolvimento pessoal de cada sujeito, aperfeiçoando todas as características positivas, além de promover as capacidades mais específicas de cada um, preocupando-se não apenas em relação às habilidades técnicas, mas com os novos conhecimentos adquiridos, com os conceitos e as atitudes que podem ser adquiridas (PASCHOAL et al. 2007).

Além de aperfeiçoar as questões voltadas para a atualização profissional e das práticas cotidianas vinculadas com questões teóricas, metodológicas, cientificas e tecnológicas, e as que tangem uma busca pelo conhecimento mesmo depois de uma formação, a educação permanente possui uma busca em relação às atuações conjuntas de uma equipe de trabalho que estão apoiadas em políticas internas e externas inseridas na área da saúde (CECCIM, 2005).

3 | TIC e suas contribuições para a área da saúde

Segundo Germani et al. (2013, p. 98) as TIC são um conjunto de recursos tecnológicos e computacionais dedicados ao armazenamento, processamento e comunicação da informação.

A utilização das tecnologias de informação e comunicação na área da saúde teve seu início em clínicas médicas particulares, hospitais e na administração de unidades privadas de saúde, buscando melhorar processos com o objetivo de atender aos pacientes com qualidade. O uso da tecnologia na área da saúde pode ser constatado pelas inúmeras ferramentas disponíveis no mercado, como: sistemas de gestão, controle e avaliações; aplicativos específicos; equipamentos computadorizados, dentre outros. Busca-se, por meio da tecnologia, o aprimoramento nos diagnósticos, possibilitando tratamentos com maior eficácia e qualidade o que pode impactar no gerenciamento dos custos operacionais dos serviços clínicos prestados (BARBOSA, 2014).

Para que a tecnologia possa contribuir adequadamente na área da saúde, faz-se necessário que os profissionais que a utilizam estejam devidamente capacitados. A capacitação dos usuários deve ser permanente, devido à velocidade no aprimoramento tecnológico.

O mundo entra na era da informação e do conhecimento. Isso tem provocado novas mudanças na sociedade e na escola. Por isso, novos conhecimentos precisam ser desenvolvidos. É preciso aprender a lidar com essa nova situação (VALLIN, 2003, p. 112).

Com o avanço da tecnologia sugiram novas modalidades educacionais. Dentre elas o ensino a distância, cujas principais características são: flexibilidade para os estudos, autonomia do discente e a utilização de ferramenta de tecnologia que permite a mediação no processo de aprendizagem. Sobre isso, Cardoso (2008, p. 284), afirma que

Na área da Informática na Saúde, as TIC ocupam, no momento atual, uma evidência de aplicabilidade na práxis em saúde que precisa ser adequadamente explorada pelo ensino e pela abordagem pedagógica na formação de profissionais. Isso possibilitará ao aluno conhecer, compreender e refletir sobre a complexidade e a potencial utilização das ferramentas computacionais na estrutura, organização e funcionamento dos sistemas e serviços de saúde

Ou seja, a internet é uma ferramenta de ação socializadora de informações, sendo um quesito relevante para o uso das TIC. A educação a distância passa por um período de mudanças, onde a comunicação e as informações ganham subsídios para a implementação de novas propostas que consolidam a educação permanente para os profissionais de enfermagem. Muitos desses profissionais têm urgência de atualização para o exercício de suas atividades e, dentre as possibilidades existentes, o ensino a distância oportuniza a capacitação através de cursos que podem ser realizados via online, com a utilização de ferramentas tecnológicas, em que o próprio aluno organiza o seu tempo de estudo, sendo o autor responsável pelo processo de aprendizagem (ELBERT, 2003).

Os materiais que são disponibilizados para a internet em caráter educacional, especificamente para a área da saúde, proporcionam interesses que instigam a pesquisa de novos assuntos e conhecimentos que facilitem o processo de ensino/aprendizagem. Para que esses materiais ganhem essa proporção é necessário que os professores conteudistas escolham as estratégias adequadas na elaboração dos conteúdos para que o aluno consiga associá-lo ao uso das ferramentas tecnológicas Além disso, o incentivo pela autonomia e interatividade do aluno são muito relevantes quando estamos falando sobre as novas metodologias de aprendizagem no cotidiano da educação permanente na área da saúde (GIANNELLA; STRUCHINER, 2010).

4 | O uso das TIC e a educação permanente na região Sudeste

Com o intuito de exemplificar buscamos informações específicas da região sudeste do Brasil, sobre o uso das TIC e a educação permanente. Os dados coletados consideraram as informações adotadas pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e a coleta foi feita a partir da amostragem estratificada de estabelecimentos de saúde e pela seleção com a probabilidade proporcional ao tamanho (PPT). Conforme o relatório apresentado foram entrevistados, em média, 728 enfermeiros da região Sudeste. Os dados coletados foram quantificados e serão demonstrados a seguir:

Gráfico 1: Proporção de enfermeiros que possuem computador no domicilio – região Sudeste

Fonte: http://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic-saude-2013.pdf

Partindo do pressuposto de que para a utilização das tecnologias de informações e comunicação se faz necessário o uso de novas tecnologias, é importante destacar que 99% dos profissionais de enfermagem entrevistados da região Sudeste do Brasil possuem computadores em casa, sendo este considerado um dos elementos necessários para a adesão a capacitação ofertada na modalidade a distância.

Apenas 1% dessa população não possui o computador em casa, sendo uma pequena minoria que ainda não aderiu a essa nova ferramenta.

Considera-se então que os profissionais de enfermagem que possuem esse artefato em seus domicílios podem utilizá-los para usufruírem das novas tecnologias de informação e comunicação aplicadas ao ensino.

De acordo com essas informações, Cardoso et al. (2008) relata que as possibilidades existentes com o uso do computador para os profissionais de enfermagem estão crescendo consideravelmente, sendo que a modernização e o desenvolvimento constante das novas tecnologias têm proporcionado o enriquecimento para o fortalecimento do aprendizado, principalmente voltado para as questões relacionadas à modalidade do ensino a distância que pode ser considerada como uma nova vertente para a unificação de novos conhecimentos.

Gráfico 2: Proporção de enfermeiros que possuem acesso à internet no domicilio – região Sudeste

Fonte: http://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic-saude-2013.pdf

Segundo Santos (2002), a utilização da internet pelos profissionais de enfermagem é uma vertente significante, pois a mesma já faz parte do cotidiano desses profissionais. Considera-se que a internet é de fácil acessibilidade e que esses profissionais apresentam bom domínio em relação a essa ferramenta.

De acordo com a pesquisa, certa de 98% dos profissionais de enfermagem da região sudeste possuem acesso à internet em casa, sendo que apenas 2% da população entrevistada não possui acesso à internet no domicilio.

É importante destacar que a internet deve ser utilizada para agregar conhecimentos, de forma planejada e eficaz. Assim, partindo do pressuposto de que o ensino a distancia promove autonomia para o discente, a internet é uma ferramenta importante para as novas práticas educacionais.

Gráfico 3: Proporção de enfermeiros usuários de internet, por frequência de acesso região Sudeste.

Fonte: http://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic-saude-2013.pdf

A frequência do uso da internet pelos profissionais de enfermagem da região Sudeste, mostra um alto índice de participação dos mesmos, pois 87% acessam a internet diariamente e apenas 13% acessam a internet apenas uma vez por semana. Cardoso et al. (2008) pontua que com o uso da internet os profissionais da área de enfermagem ampliam os seus níveis de informações com enriquecimento de diversidade cultural, social e científico. A internet deve ser utilizada como ferramenta facilitadora para aquisição de novos conhecimentos.

Gráfico 4: Proporção de enfermeiros, por tempo de uso da internet na vida profissional – Região Sudeste.

Fonte: http://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic-saude-2013.pdf

A metade dos profissionais de enfermagem da região Sudeste, que responderam essa pesquisa, afirmam que já utilizam a internet entre 5 a 10 anos; 19% utilizam há mais de 10 anos; 18% entre 3 e 5 anos; 4% entre 2 e 3 anos e outros 4% responderam que a internet é utilizada entre 1 e 2 anos; 3% informaram que utilizam a internet há 1 ano ou menos e 2% não sabem ou não responderam à pesquisa.

Saber utilizar novas tecnologias no ensino é um desafio para as instituições de ensino e até para o público alvo que são os alunos. Nota-se que a metade dos profissionais de enfermagem entrevistados, da região Sudeste, possui acesso à internet há mais de 10 anos. Sendo assim, os mesmos já apresentam afinidade em relação ao uso das TIr5 e, este é um quesito importante para o ensino a distância.

Gráfico 5: Proporção de enfermeiros que participaram de algum treinamento ou curso sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação aplicadas à área da saúde nos últimos 12 meses – região Sudeste.

Fonte: http://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic-saude-2013.pdf

De acordo com a pesquisa realizada pela CETIC 2013, apenas 34% dos entrevistados, participaram de algum treinamento ou curso sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação aplicadas à área da saúde nos últimos 12 meses na região Sudeste do Brasil e cerca de 66% não participaram. O número de participantes é pequeno mediante as possibilidades tecnológicas que existem no mercado de trabalho.

Isso nos leva a inferir que a utilização das novas tecnologias no ensino a distância relacionados à área da saúde, ainda sofre certo tipo de preconceito e até rejeições. Apesar de os cursos nesta área envolverem muitas práticas e teorias mais aprofundadas que não necessitam, exclusivamente, estar inseridos apenas em salas de aulas, a utilização de novos aplicativos, software, tecnologias de informação e comunicação e metodologias de ensino, possibilitam que o profissional de enfermagem aprimore suas competências e habilidades.

5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral deste artigo foi investigar como o uso de ferramentas tecnológicas pode contribuir para a educação permanente do profissional em enfermagem na região sudeste do Brasil. Foi possível introduzir o assunto considerando que o uso das TIC tende a contribuir com a formação destes profissionais, devido a sua utilização na educação permanente.

O ensino a distancia é uma forma para a capacitação contínua profissional. Esta modalidade de ensino utiliza ferramentas tecnológicas no processo ensino/aprendizagem, além de proporcionar maior flexibilidade nos estudos para o aluno.

A maioria dos profissionais de enfermagem da região Sudeste, conforme apresentado neste artigo, utilizam computadores e tem acesso a internet, sendo estes quesitos fundamentais para a modalidade educacional a distância.

A capacitação permanente na área da saúde é importante para a melhoria do exercício profissional e dos processos. A educação potencializa o desenvolvimento dos profissionais de enfermagem, aperfeiçoando suas competências e habilidades.

Por fim, considera-se a necessidade de maiores estudos acerca do assunto, especificamente, em relações a utilização das TIC na educação permanente dos profissionais da área da saúde, visando à melhoria dos processos e da qualidade de vida.

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